Em mais um movimento de viés claramente ideológico, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu sancionar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky — um instrumento originalmente criado para punir violadores de direitos humanos, mas agora distorcido para servir a interesses políticos da Casa Branca.
As sanções incluem o bloqueio de contas bancárias, restrições ao sistema financeiro norte-americano e proibição de entrada nos EUA. Além de Moraes, outros oito ministros do STF e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, também tiveram seus vistos suspensos. A decisão vem na esteira de um processo movido por empresas como a Trump Media, do próprio presidente norte-americano, e a Rumble, ambas críticas às decisões do STF que exigem responsabilidade sobre o conteúdo disseminado em suas plataformas.
A justificativa formal, apresentada por uma entidade jurídica chamada Legal Help 4 You LLC, alega que as decisões de Moraes e do STF “violam a soberania americana”. Na prática, trata-se de uma reação direta à tentativa do Judiciário brasileiro de impor limites à desinformação e ao discurso de ódio, pilares do ecossistema digital da extrema direita global.

O gesto de Trump, no entanto, não ocorre isoladamente. Ele acontece no mesmo momento em que os Estados Unidos impõem um tarifaço sobre produtos brasileiros, afetando diretamente setores como o aço e o alumínio, numa tentativa de salvar o ex-presidente Jair Bolsonaro da prisão. A retaliação econômica, combinada com as sanções políticas, aponta para um endurecimento das relações bilaterais sob uma ótica ideológica: punir o Brasil por não se alinhar à cartilha trumpista.
O presidente Lula reagiu com firmeza. Em declarações recentes, criticou o tarifaço como “inaceitável” e reforçou que o Brasil não aceitará pressões de nenhuma potência estrangeira. “Não se trata apenas de tarifas ou sanções individuais. Trata-se de respeitar a soberania do Brasil e o direito de nossas instituições de defender a democracia”, afirmou.
A ofensiva de Trump contra Moraes, somada às barreiras comerciais, revela uma estratégia articulada de intimidação política e econômica contra um país que tem buscado se firmar como liderança progressista no cenário internacional. Punir ministros que combatem a desinformação, ao mesmo tempo em que se penaliza economicamente o Brasil, mostra o quanto o atual governo dos EUA está disposto a usar o Estado como ferramenta de revanche ideológica.
O Brasil vive, portanto, um momento de tensão diplomática, que exige não apenas firmeza institucional, mas também solidariedade internacional a quem tem se posicionado claramente na defesa da democracia diante de ataques coordenados, sejam eles virtuais, econômicos ou diplomáticos.