Primo de Raquel segue no centro de polêmica em contrato bilionário de publicidade do governo

A licitação bilionária da publicidade institucional do governo de Pernambuco acaba de ganhar um novo capítulo: o envolvimento de um primo da governadora Raquel Lyra (PSD). Sócio da agência Markplan, o empresário Waldemiro Ferreira Teixeira, mais conhecido no meio da publicidade e eventos como Dódi, foi citado em denúncia que aponta supostas ligações com uma das agências vencedoras do certame, no valor de R$ 1,2 bilhão ao longo de dez anos. Pelo que a gente tá vendo, ainda tem muita água pra passar debaixo dessa ponte.

Apesar da gravidade dos indícios, que incluem o aluguel de salas de propriedade de Dódi para a E3, uma das quatro empresas contratadas, e ligações anteriores com outra agência já considerada inidônea pelo próprio Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), o caso avança em meio a decisões judiciais que geram controvérsia. Além disso, uma ex-diretora da Markplan estaria atuando atualmente na E3. Mas, dentro das lógicas do mercado publicitário, pode ser apenas coincidência.

Dódi tem experiência com eventos e também teria atuado informalmente nas campanhas da prima

A licitação havia sido suspensa pelo TCE-PE após denúncia e auditoria preliminar apontarem possíveis irregularidades no julgamento técnico das propostas. No entanto, uma decisão monocrática do desembargador Fernando Cerqueira, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), autorizou a retomada dos contratos, mesmo com a investigação em curso.

O magistrado alegou “dano reverso” à administração pública, caso a publicidade governamental ficasse paralisada, e entendeu que não há até o momento comprovação de fraude ou prejuízo ao erário. Por isso, caso você não tenha percebido, aquela túia de comercial de TV que passava não tava passando. As propagandas da Fenearte, por exemplo, já tinham sido gravadas, mas não foram veiculadas. Ainda assim, o mérito da denúncia sobre os vínculos familiares com o contrato segue sob apuração do TCE.

Repercussão– A oposição tem cobrado esclarecimentos. Há quem veja indícios de corrupção. A deputada Dani Portela (PSOL) utilizou suas redes sociais para criticar a liberação do contrato e reforçar a necessidade de investigar o possível favorecimento a familiares da governadora. “É inadmissível naturalizar a presença de parentes no centro de contratos milionários com o Estado”, disse. Outros parlamentares de oposição estão cobrando explicações, mas o tradicional silêncio do Palácio das Princesas continua.

Até agora, a governadora Raquel Lyra não se manifestou sobre a presença do primo em um dos pontos-chave da denúncia. Dódi também não prestou esclarecimentos públicos.

O que está em jogo

O contrato em questão prevê R$ 120 milhões por ano com quatro agências responsáveis por executar a publicidade institucional do governo. O edital havia sido alvo de críticas técnicas e foi suspenso inicialmente por decisão unânime da 1ª Câmara do TCE, que considerou haver indícios de vícios formais na análise das propostas.

Wilfred Gadêlha

Nascido em Goiana-PE no período pleistoceno, Wilfred Gadêlha é formado em jornalismo pela UFPE. Atuou em vários veículos como repórter e editor, é geminiano, metaleiro e metido a cantor. Já escreveu livros, apresentou programa de rádio e dirige e roteiriza documentários que ninguém viu. Também foi secretário de Comunicação na terra-natal e em São Lourenço da Mata e fez várias campanhas - algumas perdeu e outras ganhou.

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