Uma rasteira em Pernambuco

Muita gente se espantou com o teor da nota divulgada pelo ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, a respeito de a governadora Raquel Lyra ter decidido bancar sozinha os R$ 150 milhões das obras de reforma e modernização do Aeroporto Oscar Laranjeira, em Caruaru. Sempre comedido com as palavras e atitudes, o ministro usou termos como “estreita”, “inacreditável” e “erro” para classificar a decisão da ex-prefeita de Caruaru. A subida de tom tem uma explicação: Silvio Costa foi pego de surpresa porque, até então, tudo estava certo para que a requalificação fosse meio a meio: metade do governo federal, metade do governo estadual.

O projeto todo foi preparado pela equipe de Sílvio, que, além disso, se dispôs a garantir os recursos todos. Mais ainda: o aeroporto foi incluído como prioridade no Novo PAC. A governadora, então, pediu pra dividir os custos para que ela pudesse ter um certo protagonismo. Até aí, tudo bem, faz parte do jogo político. Mas ainda assim é uma decisão questionável, já que, em sã consciência, ninguém recusaria R$150 milhões de graça.

Mas, aí, o que o ministro não sabia é que a governadora queria ainda mais. Quando a equipe de Silvio descobriu que o edital de licitação excluía o governo federal da jogada, não houve outra saída senão a crítica pesada divulgada nesta terça 14. Silvinho, que quer ser senador na chapa de João Campos, já vinha soltando umas farpas contra Raquel, mas, ainda assim, não faz sentido. Foi sim uma atitude estreita, inacreditável e errada.

Raquel deu uma rasteira em Silvio, mas quem caiu foi Pernambuco. Porque os R$150 milhões, pelo que se sabe, virão de empréstimos feitos pelo Estado. E aí, como o ministro disse (ele não disse assim, sou eu quem tá usando a metáfora), não faz sentido pegar dinheiro a juro com agiota quando você tem alguém da família oferecendo sem correção – e sem precisar pagar.

A governadora quer uma marca sua, coisa que ainda não tem nesses dois anos e 10 meses de gestão. Caruaru tem sido agraciada com muitas obras do seu governo: Hospital da Mulher, quatro creches, Feira de Gado, pavimentação de ruas e, agora, o aeroporto. Tudo bem, ela é daqui (eu moro na Capital do Forró, visse?), mas essa rasteira não condiz com o que se espera de uma chefe do Executivo estadual. Foi feio, pegou mal e gerou – mais – uma crise. 

Problemas

O edital de licitação já havia sido suspenso pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) por um sobrepreço de R$ 18 milhões e por apresentar um cronograma irreal. O governo ajeitou as coisas e o TCE-PE liberou o certame na semana passada.

Família

Quem vai executar as obras é a Secretaria de Mobilidade, que tem o primo da governadora, André Teixeira, como titular. Pré-candidato à Câmara Federal, André tem sido levado a tiracolo para onde a governadora vai – incluindo nessa viagem à China e à Dinamarca.

Ausência

Raquel tá no mundo, só volta dia 28. Quem tá sentada na cadeira de governadora é a vice Priscila Krause. Das importantes agendas da terça, o encontro com a base da Alepe, a assinatura do R$1,4 bi de empréstimos e as ordens de serviço para a maternidade em Ouricuri e os centros de polícia científica, Priscila só participou da última e ainda chegou atrasada. Teve gente que estranhou.

Bônus

Na esteira da PCR e do governo do Estado, a Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho também liberou um bônus de R$ 1 mil para os docentes da rede municipal por ocasião do Dia do Professor.  No pacote anunciado, também estão incluídos um convênio para capacitação com a Universidade de Coimbra e a criação de um Bônus de Desempenho Educacional.

Wilfred Gadêlha

Nascido em Goiana-PE no período pleistoceno, Wilfred Gadêlha é formado em jornalismo pela UFPE. Atuou em vários veículos como repórter e editor, é geminiano, metaleiro e metido a cantor. Já escreveu livros, apresentou programa de rádio e dirige e roteiriza documentários que ninguém viu. Também foi secretário de Comunicação na terra-natal e em São Lourenço da Mata e fez várias campanhas - algumas perdeu e outras ganhou.

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