Com certos assuntos não se brinca: no afã de agradar a base evangélica, a governadora Raquel Lyra pega a contramão e fortalece comunidades terapêuticas
O programa Nova História, lançado nesta quinta 26 pela governadora, vai dar R$ 3,6 milhões para as comunidades terapêuticas de Pernambuco. Querendo agradar a sua bae evangélica-fundamentalista, Raquel Lyra ignora as graves irregularidades cometidas por essa modalidade de instituição e o fortalece. A governadora é sabida. Tem conhecimento do tipo de irregularidade é cometida por essas clínicas, que, na prática, são armadilhas para atrair novos fiéis e que praticam todo tipo de atrocidade em nome do lucro travestido de fé.
Dados divulgados em março em um seminário realizado pela Frente Parlamentar em Defesa da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial, na Câmara Federal, mostra que, entre 2011 e 2024, 205 instituições desse tipo foram fiscalizadas pelos órgãos competentes e, para a surpresa de zero pessoas, em todas as elas foram constatadas graves violações dos direitos humanos.
De internação involuntária a privação de liberdade de pessoas em sofrimento mental, passando por ausência de protocolos médicos adequados até chegar a casos comprovados de tortura. São situações de agressões físicas, ameaça com armas de fogo, castigos e trabalho forçado dentro dessas instituições.
O caminho não é agradar Cleiton Collins et caterva. O caminho é fortalecer as políticas públicas de apoio aos municípios por meio dos CAPS e de outras instituições públicas. Ouvir quem entende do assunto. É claro que, sim, há casos de recuperação, mas a que custo?
Investir em comunidades terapêuticas em vez da rede pública de tratamento é ir na contramão do consenso da comunidade científica. Pior: é dar voz a segmentos que não estão interessados verdadeiramente em ajudar as pessoas, mas usar a religião como álibi para seus projetos de poder.
Foto: Miva Filho/Secom