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Tarifaço: tá na hora de a governadora quebrar o silêncio

Hoje é 17 de julho de 2025.  No dia 9, ou seja, oito dias atrás, o presidente Donald Trump anunciou uma chantagem contra o Brasil, ameaçando impor tarifas de 50% a uma variada gama de produtos brasileiros, o que gerou uma reação altiva do presidente Lula, de diversos líderes políticos e empresariais, de todos os espectros políticos, menos, claro, dos mais radicais bolsonaristas. E de uma pessoa em especial: a governadora de Pernambuco.

No dia 9, Raquel Lyra estava em Goiana, onde existe um importante polo industrial, que também fabrica componentes para aeronaves que são exportadas para os EUA. Caso as tarifas sejam implementadas, vai ter prejú pra essa cadeia produtiva. A governadora discursou, reclamou da oposição, do governo anterior, mas não deu um pio sobre o tarifaço.

No dia 10, esteve em sua terra, Caruaru, onde filiou seu ex-vice e sucessor, Rodrigo Pinheiro, ao PSD, partido em que entrou em março e que já tem 70 prefeitos. O Agreste e o Sertão podem ser afetados pelas tarifas, em especial cooperativas e pequenos produtores de embutidos e carne de bode. Microfone na mão, Raquel bateu na oposição, no governo anterior, mas nada sobre Trump. Nem mesmo uma palavra de apoio ao presidente que ela tanto diz apoiar.

No dia 11, a governadora lançou o festival Pernambuco Meu País e enfatizou a importância das políticas culturais em seu governo. A cultura pode vir a ser afetada também pela chantagem de Trump, caso as coisas escalem, causando problemas para a economia criativa, com aumento de custos em equipamentos, redução de investimentos e otras cositas más. E Raquel mais uma vez silenciou sobre o tema.

Vocês já entenderam: Pernambuco pode vir a perder muito caso o tarifaço role mesmo. E a principal liderança do Estado ignora o problema. As perdas podem ser de U$1 bi nas exportações, com um prejuízo direto de U$205 milhões ao agronegócio – especialmente em Petrolina e na fruticultura irrigada, que tem nos EUA o seu principal mercado consumidor. 

“Ain, Wilfred, e a governadora pode resolver o problema?”

Provavelmente, não. Mas pode se juntar a outras lideranças que estão se unindo para defender a economia do Brasil. É o que o momento exige. E, nesse caso, como chefe do Executivo estadual, liderar a defesa da economia de Pernambuco. Chamar os empresários, os industriais, os agricultores, os trabalhadores. 

Ou, pelo menos, quebrar o silêncio.

Mais enfático 

O prefeito João Campos se pronunciou no dia 10 por meio de uma postagem meio peba no X em que pediu equilíbrio e comércio justo. Mas pelo menos usou a palavra estratégica que está estampada nas redes sociais do governo (que tem gente da sua antiga equipe lá) e na boca de Lula: soberania. E a governadora, nada. 

Nem lá nem cá 

Miguel Coelho ontem falou a uma rádio e destacou o prejuízo que Petrolina e a região podem ser alvo. Nas contas dele, são 100 milhões de dólares. Escorregadio, alegou que nem Lula nem Bolsonaro vão sair prejudicados com o problema, nem direita nem esquerda. Também disse que quem deve tratar do assunto são Itamaraty e Alckmin. Mas, Raquel, boca de siri.

Parecia o pai 

Ministro de Lula e doido pela vaga do Senado na chapa de João, Silvio Costa Filho arrochou o nó. É um dos pernambucanos mais críticos ao tarifaço. Soltou o verbo contra os bolsonaristas, incluindo aí setores do seu partido, o Republicanos, que tem pré-candidato, Tarcísio de Freitas. Parecia Silvão. Mas, no Palácio das Princesas, cri…cri..cri…

Resta uma 

Marília Arraes também abriu a artilharia. Chamou a família Bolsonaro de “tchutchuca com Trump” e “tigrão com o Brasil”. Os petistas e psolistas desceram a lenha: Humberto Costa, Teresa Leitão, João Paulo, Rosa Amorim, Kari Santos (que cobrou a governadora), Ivan Moraes, Jô Cavalcanti…Até setores do PSB, como o superintendente da Sudene, Danilo Cabral. Mas Raquel Lyra, inexplicavelmente, não fala absolutamente uma palavra.

Wilfred Gadêlha

Nascido em Goiana-PE no período pleistoceno, Wilfred Gadêlha é formado em jornalismo pela UFPE. Atuou em vários veículos como repórter e editor, é geminiano, metaleiro e metido a cantor. Já escreveu livros, apresentou programa de rádio e dirige e roteiriza documentários que ninguém viu. Também foi secretário de Comunicação na terra-natal e em São Lourenço da Mata e fez várias campanhas - algumas perdeu e outras ganhou.

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