Botando quente

A Transnordestina e a volta aos trilhos de Danilo Cabral

A entrevista de Danilo Cabral à Rádio Folha ontem foi praticamente monotemática. O superintendente da Sudene falou quase que exclusivamente da Transnordestina. Candidato ao governo do Estado em 2022 em uma missão difícil, a de defender o legado dos oito anos de Paulo Câmara, Cabral recebeu uma outra tarefa complicada: reposicionar um órgão que foi devastado por sucessivos ataques ao longo dos anos, de FHC a Bolsonaro. 

Com Lula e seu olhar diferenciado sobre o Nordeste, a Sudene ganhou uma nova cara e uma nova dimensão. Como bem diz a economista Tânia Bacelar, o Nordeste de hoje não é o mesmo de Celso Furtado, os desafios são diferentes. E Danilo entendeu isso. 

Nesse contexto, a Transnordestina surge, senão como panaceia para a região, mas como – perdão pelo trocadilho – uma locomotiva de indução para o desenvolvimento de projetos e iniciativas. Por onde ela passa e por onde vai passar, ela puxa uma gama de cadeias produtivas, do polo gesseiro à fruticultura, da pecuária à bacia leiteira e à avicultura. 

A paralisação do trecho de Pernambuco em 2014 foi uma ducha de água fria, mas a volta dele, sob Lula, e os bilhões de reais injetados pela Sudene, na gestão de Danilo, e também pelo Ministério dos Transportes trouxeram um outro vislumbre de esperança. Ainda há uma ponta de dúvida, mas os R$ 4,8 bilhões que a Sudene já desembolsou e as licitações dos trechos de Pernambuco que vão ocorrer ainda este semestre ajudam a desanuviar o cenário.

Os anúncios feitos por Danilo de duas outras iniciativas dentro do binômio Transnordestina/Sudene – estudos para o transporte de passageiros entre Recife e Caruaru e um ramal de Salgueiro a Petrolina visando o escoamento da produção do polo de agricultura irrigada – também criam um ambiente de otimismo. E isso é um reforço na imagem de Danilo Cabral para uma volta à Câmara Federal no ano que vem, algo que já vem sendo comentado e que ele deseja. Esse é o trem que ele está embarcando.

Foto: Elvis Aleluia

Política, não

Por falar em Transnordestina, a Sudene e o pessoal do portal Movimento Econômico começam uma série de seminários sobre a ferrovia nesta quinta, em Salgueiro. Até novembro, os eventos vão passar por Petrolina, Araripina, Belo Jardim, Caruaru, São Bento do Una e Recife, sempre abordando as questões econômicas relacionadas com cada região, com a presença de empresários, industriais, pesquisadores, instituições públicas e privadas e, claro, lideranças políticas. Mas Danilo Cabral já avisou: política eleitoral, não!

Voando alto

Sílvio Costa Filho está sorrindo à toa. O ministro de Portos e Aeroportos comemora semestre recorde na aviação brasileira com 61,8 milhões de passageiros em voos domésticos e internacionais. Segundo dados divulgados pela pasta, houve um aumento de 10% em relação ao mesmo período do ano passado. Se mantivermos esse ritmo no segundo semestre deste ano, vamos fechar 2025 com o melhor resultado da história”, diz ele, de olho em uma das vagas de senador na chapa de João Campos em 2026.

Revés

A briga do deputado federal Fernando Rodolfo contra o prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino, teve mais um round. O parlamentar do PL tentou na Justiça proibir o polêmico cercadinho VIP em frente ao palco da Esplanada Mestre Dominguinhos, que já foi alvo de tretas do prefeito até mesmo com o cantor maranhense Zeca Baleiro. Mas apesar do revés, a confusão parece que não vai parar por aí, porque Rodolfo tá tentando ampliar essa proibição para além do FIG já que apresentou projeto de lei sobre o tema na Câmara.

Amanhã

Começam nesta quinta 24 os primeiros ressarcimentos dos valores debitados indevidamente das contas de aposentados e pensionistas do INSS. O sucesso dessa operação é um dos trunfos do ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, para pavimentar a sua desejada volta à Câmara Federal no ano que vem. Wolney tem se desdobrado para deixar claro que ninguém que tenha sido lesado vai ficar sem receber o seu dinheiro de volta.

Foto: Wilfred Gadêlha

Wilfred Gadêlha

Nascido em Goiana-PE no período pleistoceno, Wilfred Gadêlha é formado em jornalismo pela UFPE. Atuou em vários veículos como repórter e editor, é geminiano, metaleiro e metido a cantor. Já escreveu livros, apresentou programa de rádio e dirige e roteiriza documentários que ninguém viu. Também foi secretário de Comunicação na terra-natal e em São Lourenço da Mata e fez várias campanhas - algumas perdeu e outras ganhou.

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