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A não-presença de Raquel na visita de Lula

São tantas as camadas visíveis e invisíveis que essa visita presidencial tem que travaria um computador se fosse um software. Por trás da vinda de Lula a seu Estado natal, há uma infinidade de significados a serem decifrados e outro tanto de realidades escancaradas na nossa cara.

A primeira de todas é que Raquel Lyra nunca foi Lula. Desde a campanha, quando no segundo turno evitou se posicionar se votaria no petista ou em Bolsonaro, a governadora nunca fez o L. Nem mesmo quando esteve ao lado do presidente em alguma agenda. Muitas vezes nem sequer citava o nome do petista, referindo-se apenas ao cargo. E são inúmeros os casos de apropriação pelo governo de Estado de programas federais. Bota um adesivo em cima da marca do Brasil e tá beleza.

Diametralmente oposto a isso, vimos a consolidação de João Campos como candidato de Lula em 2026. Tá mais do que claro. Praticamente toda semana João e Lula tão juntos, lá em Brasília, ou o prefeito do Recife cita o seu PSB como aliado. Claro, ainda há uma ala do PT, cada vez menor junto à militância, que defende o apoio a Raquel. Mas até a grama do Palácio das Princesas sabe que não vai rolar.

Raquel também sabe. E já há uma mudança de tom no seu discurso. Foi-se o tempo em que ela aguentava – arretada mas educada – as vaias em eventos com Lula. Preferiu mandar Priscila Krause. Ao optar por ir ao Sertão, disse tudo sem dizer nada. Aliás, começou a dizer, a engatar a estratégia que até funcionou em 2022, mas que não vai colar ano que vem: o de que rejeita rótulos, não é esquerda nem direita.

Os seus eleitores de 2022 que apertaram 13 na urna não vai aceitar essa de novo. Queiram ou não queiram os juízes, Lula terá um palanque só em Pernambuco em 2026. E não é o de Raquel Lyra.

Bode na sala
A nota do PSOL sobre os ataques a deputada Dani Portela soou azeda. Escancara um assunto que não era o assunto, criou um ruído maior do que o necessário e trouxe para a esfera pública um mal-estar que deveria ser tratado internamente. Colocou o bode no meio da sala.

Entendo, não
“Ain, Wilfred, tu não entende os processos internos do PSOL”. Nem eu nem grande parte dos eleitores do partido. Na minha opinião – que fique claríssimo – os problemas de uma agremiação devem ser tratados nas instâncias corretas e não pela imprensa, sob pena de trazer para o debate público algo que não interessa a ninguém. A não ser que tenha sido essa a intenção…

Bilhão
Por falar em bilhão, na campanha de 2022 Marília Arraes prometia pegar 1 bilhão de reais do orçamento e investir no combate à fome. Foi a bandeira central do seu plano de governo. Já o bilhão de Raquel Lyra tá sendo investido em propaganda.

Estrela


Falando em Dani Portela, a deputada acompanhou o presidente Lula no Recife e recebeu atenção especial do petista – seu futuro correligionário. Ganhou um beijo na testa daqueles de fazer inveja, registrado pela colega Rosa Amorim, que se revelou quase uma Ricardo Stuckert.

Wilfred Gadêlha

Nascido em Goiana-PE no período pleistoceno, Wilfred Gadêlha é formado em jornalismo pela UFPE. Atuou em vários veículos como repórter e editor, é geminiano, metaleiro e metido a cantor. Já escreveu livros, apresentou programa de rádio e dirige e roteiriza documentários que ninguém viu. Também foi secretário de Comunicação na terra-natal e em São Lourenço da Mata e fez várias campanhas - algumas perdeu e outras ganhou.

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