Um jogo de xadrez onde a oposição comeu as primeiras peças 

O xadrez da política pernambucana sempre nos surpreende. Se na sexta-feira o Palácio das Princesas tava todo-todo com a maioria que teria na CPI do Bilhão por causa da adesão do PL, a segunda começou com o troco: com as entradas dos deputado Diogo Moraes no PSDB e Waldemar Borges no MDB, agora é a oposição quem vai dar as cartas na investigação dos contratos de publicidade do governo de Raquel Lyra. Pelo menos até a próxima jogada.

Explicação rápida: PSDB e MDB eram da base governista, fazendo parte do blocão na Alepe. Com a filiação dos novos parlamentares, o placar nas bancadas fica empatado sobre quem vai estar na CPI e aí quem decide são as executivas estaduais, nas mãos de opositores de Raquel: PSDB, com o presidente da Assembleia em pessoa, Álvaro Porto, e MDB com Raul Henry, secretário de João Campos. 

O plot twist mostra uma coisa: o governo quer evitar a todo custo o desgaste de uma investigação que pode adentrar 2026 e escancarar um bocado de sujeira que pode estar debaixo do tapete. Somente a criação da comissão, proposta pela deputada Dani Portela, já foi uma derrota para o Palácio. Mesmo que ela não encontre as provas de que o primo da governadora, o publicitário Waldemiro “Dódi” Teixeira, tenha ligações com a E3, uma das agências que vai abocanhar o R$1,2 bilhão junto com mais três, a suspeita já tá instalada. 

Lembremos que, num dos movimentos mais “tradicionais” e abjetos da briga política, às vésperas da aprovação da CPI, começaram a aparecer, não se sabe de onde, denúncias contra Dani Portela. Esse expediente de apelar para a falácia ad hominem – atacar a pessoa pra desqualificar seu argumento – é mais velho do que andar pra frente. “Ain, Wilfred, não tem prova de que foi o Palácio”. Certo, o Coelho da Páscoa foi quem disse isso pra Papai Noel.

Tem uma coisa que os governistas parecem que não aprenderam: não subestimar Álvaro Porto. O presidente da Alepe se tornou um incômodo dos grandes para o governo. Ele já comprou a briga, como o episódio com Moraes e Wal mostra. Com o joinha de João Campos. 

Coloquem o cinto de segurança e o capacete porque ainda vem muita emoção por aí.

Atualização do editor: o deputado Júnior Matuto deixou o PSB e entrou no PRD, causando mais uma baixa no blocão governista.

O deputado governista William Brígido tentou virar líder dos Republicanos, mas sua iniciativa foi negada por Porto, que alegou descumprimento do regimento da Casa.

Confusão 

Na quinta, o deputado João Paulo estava em Brasília Teimosa com o presidente Lula. Na sexta, foi indicado como integrante da CPI do lado do governo. Não são de agora os elogios e a defesa que o ex-prefeito faz da governadora, mas estar na comissão como raquelista confunde a cabeça do eleitor do PT.

Foi feio 

Pra rebater um vídeo da vereadora petista Kari Santos, o secretário estadual de Meio Ambiente, Daniel Coelho, apelou para algo que a governadora vem sendo alvo e que tá fazendo questão de reclamar: violência política de gênero. Disse que Kari era jovem, estava espumando de raiva e com as pupilas dilatadas. Que feio!

Café

O café arábica Typica de Taquaritinga do Norte brilhou em Brasília. Servido durante reunião com a Stellantis, conquistou o vice-presidente Geraldo Alckmin, que elogiou sua “doçura singular”.

Conferência

O Fórum de Juventudes do Cabo promove em 23 de agosto a Conferência Popular Municipal de Segurança Pública. O evento será no Centro das Mulheres do Cabo e discutirá medidas contra a violência que atinge jovens negros e periféricos. O município é o 5º mais violento do Brasil, segundo o Anuário de Segurança Pública. As propostas resultarão no documento Territórios Vivos, voltado à prevenção e proteção à vida.