Aonde vai parar a CPI, não se sabe, mas o Estado não pode parar.
Como tudo que tá rolando nos últimos tempos na política de Pernambuco, a CPI do Bilhão, criada na Alepe para investigar os gastos com publicidade do governo do Estado, já começou com muita confusão. No meio disso tudo, fica o eleitor sem saber que danado tá acontecendo. De um lado, a base governista esperneando o quanto pode, ao mesmo tempo em que a governadora Raquel Lyra segue nas agendas do Ouvir Para Mudar, soltando os cachorros nos discursos. Do outro, a oposição, que tá mostrando que não tá pra brincadeira. O futuro, adeus pertence, diz o trocadilho, e a gente não tem a menor ideia onde tudo isso vai parar.
O que não pode acontecer é o Estado parar. A máquina do governo tem a obrigação de continuar a cumprir seus deveres, mesmo que Raquel Lyra esteja reclamando que anteciparam 2026. O governo precisa servir, independentemente de quem esteja sentada na cadeira do Executivo. Os secretários não podem diminuir a velocidade para ver o acidente. E também não podem criar mais problemas do que o Palácio das Princesas já tem. A governadora tem toda a razão: ela quer continuar a gerir Pernambuco, com ou sem CPI. E, mesmo com o bicho pegando na Rua da União, Raquel tem feito entregas nos municípios onde tem ido.
A Assembleia também tem que dar condição para o governo trabalhar. Se na semana passada, depois de meses, aprovou Virgílio Oliveira para administrar Fernando de Noronha, nesta terça a CCLJ, que passou outro tanto segurando o empréstimo de R$ 1,5 bilhão que a governadora tanto quer, aprovou o relatório de Waldemar Borges (MDB), que endurece as regras de prestação de contas e beneficia municípios, e deixou o Palácio invocado. Agora deve seguir os trâmites antes de ir a plenário, onde a base aliada espera reverter as derrotas nas comissões. Resumindo: não dá pra travar mais do que já tá travado.
No frigir dos ovos, estamos em agosto de 2026. Mesmo que a CPI prometa grandes emoções até, quem sabe, março, o povo não tem nada a ver com isso. Governadora e deputados têm muito o que fazer. E é o que a gente espera.
Fisiologismo
Não foi só a governadora que chiou com as manobras da oposição para assegurar maioria na CPI. Pré-candidato do PSOL ao Palácio, o ex-vereador Ivan Moraes acusou o PSB de se igualar à direita e de praticar fisiologismo. Mas, ao mesmo tempo, disse que foi bom a comissão não ficar na mão dos governistas.
Buruçu

Daniel Coelho voltou ao governo pra dar uma pegada mais política, com seu jeito característico de provocar. E parece que tá conseguindo: só essa semana já se meteu em duas confusões. Uma na obra do habitacional e outra numa audiência na Alepe. Mas já tem gente dizendo que ele tá passando do ponto.
Quis não
Muita gente tá se perguntando por que Dani Portela não foi nem presidenta nem relatora da CPI. O regimento da Alepe proíbe que o proponente seja relator. Mas, e a presidência? A deputada preferiu não colocar o nome porque já tem a Comissão de Direitos Humanos, além do filho Jorge. Fora da presidência, acredita, ela fica mais livre para atuar nas investigações sem ficar presa na burocracia de conduzir os trabalhos.
Fotos: Janaína Pepeu/Secom e Alepe/Divulgação