Assessor ligado a Raquel e Priscila e lotado no Gabinete da Governadora foi flagrado por câmeras de segurança entrando na lan house de onde foram registrados os envios de informações aos órgãos de controle
O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Álvaro Porto (PSDB), subiu à tribuna na tarde desta quarta 20 e apresentou provas coletadas pela Superintendência de Inteligência da Alepe de que as denúncias feitas contra a deputada Dani Portela, autora do requerimento que criou a CPI do Bilhão, foram feitas por Manoel Medeiros Neto, assessor lotado no gabinete da governadora Raquel Lyra e ligado à vice Priscila Krause. Porto entregou o dossiê aos 49 deputados e cobrou da CPI a convocação do secretário-executivo de Políticas Estratégicas.

Em discurso impactante, Porto mostrou imagens de câmeras de segurança, coletadas pela Polícia Legislativa, que mostram o atual secretário-executivo de Informações Estratégicas da Secretaria de Comunicação entrando e saindo de uma lan house, no Shopping RioMar, onde as investigações apontam que está o computador de onde foram feitas as acusações contra a parlamentar do PSOL. “O gabinete do ódio é o Gabinete da governadora”, disse Porto.
“A Casa Civil é apenas um braço. A cabeça está montada no Gabinete da Governadora, sendo operada por Manoel. Ele é o autor da denúncia anônima encaminhada ao TCE e à imprensa para desmoralizar a deputada”, prosseguiu o presidente da Alepe, questionando ainda a governadora sobre que decisão ela tomará: “Vai demitir ou vai promover o assessor espião?”.





A deputada Dani Portela fez um aparte à fala de Porto e se disse indignada. “Quem me protege não dorme. Em menos de uma semana, uma imagem um autor. Não são denúncias anônimas, são de um assessor da governadora do Estado. A quem interessa atacar uma mulher negra e mãe?”, reforçou, em uma fala emocionada em que chegou a chorar. “Eu não admito que o jogo sujo da política venha sujar a nossa honra. Que a Justiça seja feita. Eu vou procurar o chefe de Polícia Civil e exigir um delegado especial para este caso.”
Ataques
A deputada foi alvo de denúncias recentes sobre supostas irregularidades na contratação de serviços para o gabinete na Alepe. Ela negou todas as acusações e afirmou que se tratam de ataques políticos sem fundamento, articulados para tentar desviar a atenção das investigações conduzidas pela CPI do Bilhão, da qual é autora.
Ao mesmo tempo, reportagens já apontaram que Medeiros seria o líder de uma espécie de “milícia digital” ou “gabinete do ódio” montado dentro da estrutura do governo estadual. Essa engrenagem teria como objetivo coordenar ataques virtuais contra adversários políticos, reforçando a percepção de que as denúncias fazem parte de uma estratégia de retaliação orquestrada por aliados do governo.
Perfil
A ligação entre Manoel Medeiros e a vice-governadora Priscila Krause é de longa data. Ele começou a trabalhar ao seu lado quando ela ainda era vereadora do Recife, entre 2011 e 2014, e depois seguiu como assessor parlamentar no gabinete da deputada estadual, função que exerceu de 2015 a 2022.
Esse histórico de confiança fez com que Manoel Medeiros integrasse a equipe de transição do governo Raquel Lyra em 2022, coordenada por Krause, e mais tarde passou pela Secretaria de Comunicacão e agora o cargo de secretário-executivo de Informações Estratégicas. Assim, sua trajetória recente no governo de Pernambuco está diretamente vinculada à influência e ao núcleo político da vice-governadora. Ele é ainda conselheiro da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e da Agência de Empreendedorismo do Estado.