Jogos Mortais: as vagas do Senado na chapa de João Campos
Uma sirene toca estridente dentro de uma sala sem janelas. Apenas algumas luzes fluorescentes piscando. Dentro dela, sete políticos pernambucanos esfregam os olhos. Não sabem como chegaram lá. Vão se levantando aos poucos. Entreolham-se, como se nunca tivessem se visto. Até que uma voz soa, em meio a um brega funk de fundo:

– Só há duas vagas. Vocês vão ter que se entender.
Há apenas uma mulher entre os sete. Ela toma a frente e diz:
– Eu sou da família. E eu tive 2,2 milhões de votos em 2022. Uma das vagas é minha. Vocês aí que se virem pra ficar com a outra.
Um dos homens se adianta e fala:
– Eu sou ministro! Tudo que o governo federal faz aqui em Pernambuco eu digo que fui eu quem fez também. Então, uma das vagas é minha.
Aí, se ouve um rebuliço, com todo mundo falando ao mesmo tempo, mas outro cara fala mais grosso:
– Que nada, rapaz. Eu já fui ministro, fui presidente do meu partido, sou senador há dois mandatos e o presidente Lula precisa de mim no Senado.
Como quem não quer nada, um dos cabas ajeita o cabelo e solta o gogó:
– Nenhum de vocês tem voto no Sertão. Ele vai precisar de gente que pegue no serviço. Minha família sabe fazer as coisas.
Aí, é a vez de um outro sujeito tomar a palavra:
– Eu tenho voto pra mim e pro meu filho. E se eu quiser, tiro tu da jogada, galego. E ainda posso quebrar a governadora também.
Calado até então, o sexto cidadão pede a vez:
– E eu, que perdi o meu partido, mas tô aqui também? A gente tem tempo de TV, tem estrutura…
Todo mundo olhou com cara de reprovação pro camarada e ele se calou. O sétimo, então, que tava andando pra lá e pra cá, levantou a mão:
– Posso falar?
Ao que, diante do silêncio, ele abre o vozeirão:
– Eu tenho mais experiência do que vocês todos. Já fui deputado sete vezes…
O rebuliço toma conta do recinto de novo. Ninguém mais se entende. As frases mais citadas são “eu tenho um print seu”, “você é contra Lula”, “você não tem voto”, entre outras que não podem ser publicadas nesse horário.
Até que a sirene toca mais uma vez e todos fazem silêncio.
– Ou vocês se entendem ou eu vou apelar para uma medida drástica!
A confusão começa novamente e então as luzes começam a piscar, a sirene entra no modo ambulância e o sistema de som começa a tocar a versão de Another Brick in the Wall feita por Gilson Machado Filho na sanfona.
Imediatamente, todos colocam as mãos nos ouvidos e caem no chão desacordados.
Alerta
Os discursos da governadora Raquel Lyra têm sido cada vez mais políticos. E com uma veia de campanha mesmo. Raquel tem adotado um tom de comparação entre o seu governo e o de Paulo Câmara pra bater nos adversários, mas os seus aliados parecem que não embarcaram na mesma canoa. Das duas uma: ou ainda não sentem confiança no projeto de reeleição ou discordam do caminho que a governadora está traçando.
Senado
A aproximação de Dudu da Fonte com João Campos pode ser uma parada indigesta para o Palácio das Princesas. Também está no campo da especulação da especulação, uma vez que muita gente está fazendo essa análise a partir de um encontro e uma foto. Porém, se isso acontecer, vai ser um negócio muito ruim para a governadora, já que o PP tá de mala e cuia no governo Raquel.
Arena
Por falar em PP, quem esteve na Arena Pernambuco pro jogo do Santa Cruz com o Treze, no domingo, disse que a situação lá é de penúria. Banco de reservas todo cheio de lodo, as placar eletrônico sem funcionar, o gramado todo (a palavra que eu queria usar não dá pra publicar), os banheiros em petição de miséria. Quem tá na direção-presidência do equipamento é Michelle Collins, do partido de Dudu da Fonte. E isso não dá pra botar na conta do governo anterior.
De novo

E o Brasil saiu do Mapa da Fome novamente. Feito histórico realizado pelas mãos do presidente Lula, segundo relatório da FAO, apresentado na segunda-feira 28. Para isso acontecer, o país tem que ter menos de 2,5% de sua população sofrendo de insuficiência alimentar crônica. A primeira vez que isso ocorreu foi em 2014, no governo Dilma. As políticas públicas implementadas pelo PT (Bolsa-Família, BPC e outras mais) são as grandes responsáveis.