João Campos provoca Raquel Lyra em evento com Lula


Prefeito aproveita entrega de títulos em Brasília Teimosa para alfinetar ausência da governadora e reafirmar apoio ao presidente

Presente nas três agendas que o presidente Lula teve em Pernambuco, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), aproveitou o evento de entrega de 1.006 títulos de posse em Brasília Teimosa, nesta quinta (14), para provocar a governadora Raquel Lyra (PSD), que deve ser sua principal adversária em 2026.

Campos lembrou que, quando era criança, viu seu pai, o ex-governador Eduardo Campos, receber Lula em todas as visitas ao Estado. “Quero dizer, presidente, que onde o senhor estiver no meu Estado, na minha cidade, estarei ao seu lado defendendo seu nome e dizendo que sou um soldado do senhor”, afirmou. Enquanto o presidente cumpria compromissos na capital, Raquel estava no Sertão participando do programa Ouvir para Mudar.

João Campos e Lula: 2026 é logo ali

Além de Lula e João Campos, estiveram presentes os ministros Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovações), Wolney Queiroz (Previdência Social), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Jader Barbalho Filho (Cidades) e Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos). Também participaram da cerimônia os senadores Humberto Costa, Teresa Leitão e Fernando Dueire, além de parlamentares, lideranças comunitárias e moradores da comunidade.

Durante o discurso, João Campos disse que a história de Brasília Teimosa se confunde com a de Lula, já que, em sua gestão anterior, moradores de palafitas conquistaram a casa própria. Ele ressaltou que a entrega desta quinta foi apenas a primeira de quatro etapas previstas até 2026. “Depois de mais de 20 anos, o senhor volta como presidente para garantir a escritura para as famílias. Quero dizer da alegria que tenho de estar ao seu lado, presidente, e reafirmar que Recife e Pernambuco têm orgulho do maior presidente da história do Brasil”, afirmou.

Hemobrás –Na primeira agenda do dia, em Goiana, na Mata Norte, Lula voltou a criticar o bloqueio econômico dos Estados Unidos contra Cuba. Ele também defendeu o Programa Mais Médicos, criado em 2013 em parceria com o país caribenho. As declarações ocorreram após os EUA revogarem vistos de funcionários e ex-funcionários ligados à cooperação médica com Cuba.

Entre os atingidos pela medida estão o pernambucano Mozart Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor do Ministério da Saúde e hoje coordenador da COP30. Lula associou diretamente a retaliação ao histórico da parceria com Cuba e classificou a decisão americana como perseguição política: “Os Estados Unidos perderam. Aceitem isso e deixem os cubanos viverem em paz”, disse o presidente, condenando o bloqueio que já dura mais de 60 anos.

O bloqueio econômico à ilha visa enfraquecer o regime cubano desde a Revolução de 1959. Como a exportação de serviços médicos é uma das principais fontes de receita do país, governos como o de Donald Trump passaram a pressionar nações que firmaram acordos com Cuba.

No Brasil, médicos cubanos atuaram no Mais Médicos entre 2013 e 2018, por meio de convênio com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Lula destacou que o programa foi essencial para preencher vazios assistenciais, especialmente no interior e nas periferias urbanas. Segundo o presidente, “prefeito não consegue contratar médico porque tem lugar que ninguém quer ir”. Em sua atual gestão, o programa foi retomado e ampliado.

A crítica aos Estados Unidos também surgiu durante a inauguração de dois novos blocos de produção de medicamentos da Hemobrás. A planta, fruto de investimento de R$ 1,9 bilhão, permitirá ao Brasil produzir medicamentos como albumina, imunoglobulina e fatores de coagulação. “A Hemobrás veio pra ficar e para mostrar que o Brasil é soberano e não tem medo de ameaça”, afirmou Lula, reforçando o compromisso com a autossuficiência em saúde.

Rede privada – Mais cedo, já no Recife, Lula esteve com João Campos e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para dar início ao programa Agora Tem Especialistas. Oito pacientes começam, nesta semana, a realizar exames e cirurgias no Hospital Ariano Suassuna, unidade da rede Hapvida, na Ilha do Leite. A medida visa ampliar a assistência especializada e reduzir o tempo de espera no SUS.

Fotos: Edson Holanda/PCR, Rodolfo Loepert/PCR e Agência Brasil

Wilfred Gadêlha

Nascido em Goiana-PE no período pleistoceno, Wilfred Gadêlha é formado em jornalismo pela UFPE. Atuou em vários veículos como repórter e editor, é geminiano, metaleiro e metido a cantor. Já escreveu livros, apresentou programa de rádio e dirige e roteiriza documentários que ninguém viu. Também foi secretário de Comunicação na terra-natal e em São Lourenço da Mata e fez várias campanhas - algumas perdeu e outras ganhou.

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