Espaço do Quilombo Castainho ganha reconhecimento oficial após luta iniciada em 2019
O Sítio Histórico de Cruz das Almas, no Quilombo Castainho, em Garanhuns, agora é oficialmente patrimônio protegido de Pernambuco. A decisão saiu nesta quinta (18), durante reunião do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC), no Recife. Com isso, o Estado passa a ter 113 bens tombados e outros 64 em processo.
O local reúne uma antiga casa de oração do século 18, um cruzeiro e um cemitério quilombola, considerados símbolos de resistência e ancestralidade negra. Para o líder comunitário José Carlos Lopes da Silva, a conquista é coletiva: “A Cruz das Almas é um pedaço de cada um de nós”.
O processo começou em 2019, com o pedido do Instituto Histórico e da Academia de Letras de Garanhuns. A partir daí, a Fundarpe abriu o trâmite, realizou pesquisas, oficinas e escutas comunitárias, até chegar ao parecer final. O relatório destacou que, mesmo sob pressão da expansão urbana, o sítio mantém sua autenticidade e importância cultural.

Reconhecimento – Para a presidente da Fundarpe, Renata Borba, o ato tem peso político: “Estamos diante de um patrimônio que dialoga com a trajetória de todos os quilombos de Pernambuco”. A superintendente Cristiane Feitosa completou: “É um espaço de memória, fé e resistência, que nos conecta à ancestralidade africana”.
Na reunião, a comunidade quilombola foi representada por José Carlos, que lembrou a luta: “Lá estão pessoas que faleceram há mais de 150 anos. Hoje contamos a história delas também por nós e pelo povo de Pernambuco, pelo Brasil”.
Fotos: Eduardo Cunha/Fundarpe/Secult-PE