Deputado questiona contratos e cobra transparência sobre destino dos recursos da saúde
O vice-presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), deputado Rodrigo Farias (PSB), trouxe à tribuna nesta segunda-feira (22) dados sobre os repasses do governo do Estado à Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, hospital do qual é sócio o empresário Jorge Branco, marido da vice-governadora Priscila Krause.

Segundo levantamento apresentado, a instituição recebeu mais de R$ 25 milhões em 2025. Desse total, cerca de R$ 3 milhões foram pagos em apenas 15 dias, período em que Priscila assumiu interinamente o comando do Executivo. O parlamentar destacou ainda que mudanças administrativas na Secretaria de Saúde ocorreram no mesmo intervalo.
Farias citou contratos específicos, como o 15/2024 e o 140/2024, e mencionou que um deles teve aditivo recente, logo após a abertura de crédito suplementar para o Fundo Estadual de Saúde. O socialista afirmou que a situação precisa ser esclarecida, para “garantir transparência e ética no uso dos recursos públicos”.
Contexto – Em discurso, o deputado disse que “não é aceitável que a saúde pública siga em crise enquanto milhões são destinados a um hospital que mantém relação direta com o núcleo do poder estadual”. Para Farias, o episódio mostra “a captura do Estado por interesses privados, quando o que deveria prevalecer é o interesse da população pernambucana”.
A Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro tem entre seus sócios o empresário Jorge Branco, marido da vice-governadora. Embora seja uma instituição privada, a unidade vem sendo beneficiada por contratos e credenciamentos do governo estadual que, segundo Farias, precisam ser investigados com rigor.
O deputado também relembrou episódios anteriores que, segundo ele, reforçam o ambiente de favorecimento. Um deles é o DódiGate, apelido dado às suspeitas de que Waldemiro Ferreira Teixeira, primo da governadora Raquel Lyra, atuaria como sócio oculto em empresa beneficiada na licitação bilionária da publicidade oficial. Outro caso citado foi o do secretário de Meio Ambiente, Daniel Coelho, alvo de denúncias de conflitos de interesses em Fernando de Noronha, onde sua família tem empreendimentos.
Para Rodrigo Farias, o conjunto desses episódios compõe um “círculo de privilégios” que coloca em xeque a ética da gestão estadual. Ao final, ele informou que encaminhará a denúncia sobre os repasses ao hospital para análise dos órgãos competentes.